Dilma diz que, se perder, é carta fora do baralho
- Por: Diário de S. Paulo
- 14 de abr. de 2016
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Praticamente ao mesmo tempo em que via mais uma rebelião na sua já estraçalhada base no Congresso, dessa vez com o PSD anunciando o apoio ao impeachment, a presidente Dilma Rousseff falava aos jornalistas que em caso de derrota no domingo e, depois, no Senado, será “carta fora do baralho”.
Na conversa de mais de duas horas, Dilma confirmou trabalhar com a hipótese, hoje cada vez mais real, de o seu impedimento ser aprovado pela Câmara daqui a três dias, mas garantiu que irá lutar “até o último minuto” para conseguir os 171 votos que arquivariam o processo.

“Nós lutaremos até o fim contra esse impeachment. Acreditamos que, no domingo, temos todas as chances de barrar o impeachment. Se eu perder, eu estou fora do baralho. Mas não estou falando só da Câmara, estou falando lá no fim, mais ou menos lá para maio”, afirmou, projetando a votação final.
Dilma insistiu no discurso de que uma eventual ordem para sair do cargo representa um golpe à democracia e reafirmou que seu vice, Michel Temer, e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), são os arquitetos do impeachment.
“Só não sei quem é o chefe e o vice-chefe. Mas eles são sócios. Um não age sem o outro”, acusou. “Não há dúvida de que quem defende a interrupção do meu mandato sem prova é golpista”, atacou.
Ao subir o tom de voz e mostrar raiva com o assunto, a presidente continuo dizendo que há um “estado de golpe” no país. “Tem um estado de golpe sendo conspirado no Brasil. Tem tanto aqueles que agem a favor abertamente como os que agem ocultamente e os que se omitem, todos serão responsáveis pelo fato de que não se pode supor que certos atos políticos são sem consequências”, insistiu.
Perguntada se convocaria eleições diretas, Dilma diz que não respeita “impeachment sem base legal”, mas respeita proposta com “eleições e voto”. Ela não respondeu diretamente o que pensa sobre a proposta. “O sistema político brasileiro se mostra muito receptivo a expedientes golpistas, porque ele é frágil. Precisamos de uma reforma política que defina formação de partidos, modelo de votos, dentre outros.”
Sobre um possível recurso ao Supremo Tribunal Federal para contestar uma eventual derrota no Congresso que culminará com o seu impeachment, Dilma não quis adiantar qual será a sua defesa.
“Não garanto ainda o que nós vamos fazer porque não tenho a avaliação completa do jurídico do governo. Não sabemos se vamos. E se formos, quando”
Fonte : Diario de São Paul
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